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NOTÍCIAS

06/11/23

Sistemas Construtivos parte I - madeira engenheirada

Chamada de "concreto do futuro", a madeira engenheirada, muito difundida pelo mundo afora, une sustentabilidade, leveza e rapidez

É sabido que as técnicas tradicionais usadas na construção civil no Brasil - de tijolos/blocos e argamassas - são campeãs em perdas – de tempo, de materiais e, consequentemente, de dinheiro. Além disso, as paredes de vedação em alvenaria, em alguns casos, podem influenciar em até 40% do custo total da obra. Já em relação a desperdício de material, as mesmas são ainda consideradas responsáveis por parcela expressiva do desperdício verificado nas obras de construção de edifícios, atingindo desperdícios médios de tijolos/blocos de até 17% e de argamassa de até 115%(*).

E porque insistimos?

Por custos iniciais: a alvenaria é o método construtivo com melhor custo, pois os materiais e mão de obra – a maioria sem qualificação -  são de fácil acesso. Falamos em custos iniciais porque, se levarmos em conta o tempo de uma obra, todo o material perdido e a precisão do resultado final, a conta pode sair mais cara.

Muitas são as novas formas de se construir – já usadas em outros países – que primam pela sustentabilidade, aqui descrita em menos tempo, menores gastos e bem menos resíduos. E esse será o nosso tema por aqui. Falaremos de madeira engenheirada, steel frame, painel monolitico com EPS, entre outros sistemas poucos conehcidos no país.  

Comecemos pela madeira engenheirada, da qual poucos ouvem falar, descrita como o "concreto do futuro". Mas não estamos aqui falando dos métodos tradicionais de uso da madeira para obras, e, sim, desse conhecido material aliado à tecnologia de ponta. Embora ainda esteja se disseminando no Brasil, a tecnica surgiu nos anos 90, na Áustria, como uma solução para madeiras que seriam descartadas. O método construtivo deu tão certo que ganhou espaço no país, e já é amplamente utilizado nos Estados Unidos, Europa e Ásia.

A madeira engenheirada, como o próprio nome diz, é processada industrialmente a fim de otimizar o seu desempenho para uso na construção civil. São madeiras que passam por um processo de seleção que exclui nós, trincas e rachaduras para, então, alinhar as fibras e transformar as madeiras em tábuas, lâminas ou até mesmo micropartículas de modo que facilite a união das peças.  Após esse processo de composição, as peças podem se tornar pilares, vigas ou painéis estruturais, dependendo da sua aplicação, resultando em diferentes tipos do material.  

Depois de passar por processos de transformação e composição, a madeira pode gerar modelos diferentes, que podem ser classificados de duas maneiras: pilares ou vigas e painéis estruturais. Os mais conhecidos na construção civil são a CLT (Cross Laminated Timber em inglês, ou “madeira laminada cruzada”) e a MLC (Glue Laminated Timber ou Glulam em inglês, ou  “madeira laminada colada”). Em linhas gerais, a CLT é um painel estrutural composto utilizado para construir lajes e paredes. Já a MLC é utilizada principalmente em vigas e pilares.

Dai o nome: madeira engenheirada, já que o material em si passa por processos de engenharia e pré –fabricação, potencializando o seu uso na construção. E geralmente Geralmente são usadas madeiras de reflorestamento controlado, sendo selecionadas  e trabalhadas nas fábricas para que tenham os usos acima citados.

A vantagem mais notória da madeira engenheirada é que ela se torna mais resistente do que a madeira comum, inclusive a fogo, não apenas pela sua composição, mas também pelo controle de qualidade exercido nas fábricas – e nas obras. Além da resistência, outro benefício e praticidade do uso da madeira na construção civil é a sua leveza, que facilita a mobilidade. E E, claro, sustentabilidade - pelos mesmos conceitos levantados como problemas no início deste artigo – menos tempo, menores gastos (como um todo) e bem menos perdas de material, os tais resíduos.

Façamos as contas: o impacto ambiental na sociedade é uma das principais vantagens da madeira engenheirada em uma obra. A matéria-prima é renovável, com produção sustentada pelo setor florestal e agroflorestal. E de baixíssima emissão do gás carbônico na atmosfera, além de capaz de estocar o dióxido de carbono e, consequentemente, reduzir o efeito estufa a médio e longo prazo. Além de baixos índices de desperdício/resíduos nas obras. Outro fato importante a ser ressaltado é sobre a quantidade de entulho que se gera nas obras.

Outro fator é que a estrutura da madeira engenheirada é tão resistente quanto as de concreto armado e aço – e bem mais leve, já que a estrutura possui ⅕ do peso do concreto.

E a vantagem maior, a agilidade na construção que o material proporciona pela sua fácil manipulação e maior liberdade criativa com desenhos e formas para projetos arquitetônicos. Como essa peça é pré-fabricada, a construção como um todo fica mais simples e otimizada.

E se você está pensando em obras de pequeno porte, está muito enganado/a: o material é altamente difundido no mundo até em empreendimentos verticais de grande porte. Veja belíssimos exemplos na matéria do portal Archdaily que separamos para você. E, em breve, em uma das obras da Embraconi.

Joyce Diehl, arquiteta, para a Embraconi.

Imagens e texto base:

https://www.archdaily.com.br/br/1000425/o-que-e-madeira-engenheirada/6452f4f79cc5e4017c999eb6-o-que-e-madeira-engenheirada-imagem?next_project=no

(*) Anais do  XVI Congresso Brasileiro de Custos – Fortaleza - Ceará, Brasil,  2009