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A indústria da construção civil, que há bem pouco tempo era dominada por homens, tem inserido cada vez mais mulheres - e não só em cargos administrativos ou de chefia, mas também nos canteiros de obras, pelo cuidado com acabamentos e finalizações.
As empresas do setor continuam interessadas em expandir a mão de obra feminina nos canteiros de obra, pelo diferencial que as mulheres incorporam ao trabalho. Para o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro de Holanda, a mulher se destaca justamente pelo melhor acabamento e a dedicação ao trabalho. “As mulheres são mais detalhistas, automaticamente você tem um consumo menor de material, pelo cuidado delas com os equipamentos e isso faz com que ganhem cada vez mais espaço no mercado”, comenta. Apesar das mulheres ainda serem minoria, elas vêm elevando sua participação no total de trabalhadores da construção. Segundo os últimos dados disponíveis da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/IBGE), em 2015 o sexo feminino já representava 9,74% da força de trabalho formal do setor. No Ceará, dos 94.755 empregos formais no setor, 7.454 são ocupados por mulheres.
Muitas mulheres estão investindo em cursos de qualificação nas funções de ajudante, pedreira, carpinteira e pintora. Até a área de hidráulica já tem encanadoras.
"Hoje as tecnologias disponíveis nos canteiros dispensam a força física como principal atributo", afirma Norma Sá, coordenadora administrativa do Projeto Mão na Massa (veja boxe sobre o projeto). "As mulheres são mais cuidadosas para as atividades de acabamento, arremate e pintura", garante Antonio Carlos Mendes Gomes, diretor-executivo do Sinduscon-RJ (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro).
As dificuldades de contratação
Hoje, mais que preconceito, as mulheres encontram barreiras por causa do banheiro e vestiário exclusivos. Instituições como o Seconci-RJ (Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro) tentam mostrar que vale a pena investir. "A questão dos vestiários é um custo a mais, por outro lado as mulheres são mais dedicadas e utilizam corretamente os EPI''s e ferramentas", afirma Claudia Lopez Macia, sócia-diretora da Clopez, empresa que contratou três mulheres do Projeto Mão na Massa.
Mercado de trabalho
Há mais vagas para mulheres nas regiões Sudeste e Sul. Em Santa Catarina, por exemplo, o Sinduscon de Florianópolis divulgou vagas, mas houve pouco interesse. Já no Rio de Janeiro, a construtora Brascan possui 20% do quadro composto por mulheres.
Quem deseja ingressar nesse mercado pode procurar os cursos oferecidos pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) ou mesmo por entidades assistenciais, como ONGs (organizações não-governamentais). Poucas construtoras oferecem cursos de qualificação profissional para mulheres, mas se ela já tiver feito um curso tem grande chance de ser contratada. Mas uma coisa é certa: tem lugar - sim! - para essa mão de obra tão cuidadosa. Afinal, quem não quer uma obra bem acabada?
Fontes para base do texto: Boletim CBIC e Revista PINI