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Em tempos que temos todas as estações do ano em um mesmo dia, vale pensar sua obra bem além da estética. Seja em calor ou frio excessivos, é essencial que casas e prédios promovam um eficiente isolamento térmico. Mas o que é isso?
Isolamento térmico é a propriedade de um material para dissipar o calor ou seja, sua resistência térmica. Lembram as aulas? Como a tendência natural é que dois meios, dentro e fora, transfiram calor para igualar suas temperaturas, os chamados materiais isolantes tem o papel de dificultar esse processo. Como o vácuo, perfeito para o isolamento, mas com a dificuldade de sua aplicação. O ar também é uma boa opção ( presente em esquadrias com vidro duplo, por exemplo), pelo baixo coeficiente de absorção e condução da temperatura. Contudo, sofre com a transferência de calor, o que diminui seu potencial como isolante, e da influência do tempo ( precisa que o ar esteja seco para ter melhor desempenho).
As soluções mais comuns em uma obra são materiais porosos ou fibrosos, que tem capacidade de imobilizar o ar, evitando o aumento de sua umidade, como as lãs de poliéster e de rocha, fibra de vidro e o EPS, o popular isopor, que são muito usados sob as telhas/lajes de cobertura. A situação ideal seria evitar a perda de calor nos dias frios e impedir o chamado efeito estufa nos dias quentes – ou paredes que recebem o escaldante sol da tarde. Para garantir um ambiente confortável, soluções estruturais devem ser previstas ainda na fase de projeto para que o local tenha um bom desempenho térmico e, de quebra, mais saúde e economia com climatização, tornando a obra mais sustentável.
Comecemos com a cobertura. As telhas cumprem função essencial, já que são a principal barreira de incidência da energia e luz solar – além de garantirem a proteção às intempéries. As telhas de cerâmica tem desempenho interessante de condutividade térmica ( entre 0,4 a 0,8 W/m.K - watt por metro por kelvin, unidade de medida usada). As telhas de fibrocimento, muito usadas em casas sem telhado aparente, têm performance similar ( 0,3 e 0,4 W/m.K), enquanto as de aço/similar são menos recomendadas, já que apresentam condutividade térmica na casa de 52 W/m.K. Viu a diferença?
Mas como as telhas não são as únicas estruturas usadas como cobertura, lajes, revestimentos, mantas e outras soluções devem ser usadas em conjunto para proporcionar um ambiente confortável – muitas sendo usadas , inclusive, junto às telhas já citadas para melhorar o desempenho. Lajes desempenham um papel ainda mais vital. Geralmente de concreto, pode contar com uma série de camadas de materiais isolantes térmicos, como já citados, além da própria capacidade do material base dissipar a troca de calor. A impermeabilização é essencial para impedir o aumento ou queda da umidade, além de mantas específicas, compostas de camadas de alumínio de alta refletividade e baixos índices de radiação térmica. Esse material, além de não absorver a luz, evita a transferência de calor, podendo reduzir a temperatura interior em até 5 °C. Da mesma forma, a camada impede que o ambiente interno perca calor no inverno.
É importante impedir infiltrações, mas a água é um regulador térmico vital, que impede grandes variações de temperatura durante o dia, sendo usadas até as chamadas “coberturas de agua”, que tem grande funcionalidade ( inclusive contra infiltrações, mas precisam de projeto bem especificado e acompanhamento especializado na obra. O uso do terraço, se bem projetado, com ou sem a instalação de jardins e gramados, melhora o desempenho. Os materiais necessários para proteção da estrutura no uso dessas soluções impactam não só no isolamento térmico, mas também contribuem para o desempenho acústico da edificação. E são extremamente sustentáveis.
Já no interior, vale lembrar que o ar quente sobe e o frio desce. Soma-se a isso a maior incidência solar nos pisos superiores e temos uma necessidade de cuidado especial com as estruturas que receberão diretamente a “entrada” de calor. Seja um sótão, um andar em uso ou até o espaço onde fica a estrutura do telhado, esse ambiente deve receber uma atenção especial em relação ao isolamento térmico, já que a tendência natural é que o ar quente se acumule por lá.
Os chamados tetos falsos também contribuem com a eficiência no controle de temperatura. Uma das soluções mais tradicionais para promover um isolamento térmico eficiente é com o uso de mantas térmicas, geralmente produzidas de lã mineral de rocha ou vidro, são aplicados entre as camadas estruturais de cada pavimento, solução com baixo custo e bom desempenho, se instalados entre a laje e o revestimento do piso, melhorando, inclusive, a questão acústica.
Paredes também têm atuação importante no isolamento, principalmente as de fachada. Estruturas finas e sem revestimento apropriado comprometem o conforto dos habitantes, sendo mais expostos ao calor ou frio. Uma série de elementos que contribuem para esse desempenho: texturas de materiais grossos no exterior - ou tijolos de barro, por exemplo, ajudam no isolamento, assim como a proteção com um sombreado extra de um jardim bem pensado e/ou pergolados ou coberturas retráteis. Por dentro, o uso de mantas e revestimentos específicos podem filtrar o calor. A escolha de cores nas paredes também é fator chave, já que tons escuros refletem menos luz, reduzindo a troca de energia calorífica, ao passo que pintar um espaço com cores claras trazem a sensação de frescor – mas aquecem pela reflexão, caso recebam a incidência de sol , o que pode ser interessante no caso de casas com sombra das edificações vizinhas e pouca incidência de sol nas paredes, que tornam os ambientes muito frios.
Já citados, os jardins podem ajudar - e muito. A presença de vegetação ajuda a umidificação do ar, evitando trocas de calor dos ambientes. Ou seja, no verão brasileiro, as plantas cumprem um importante papel de regulação da temperatura. Se seu problema é com o frio e/ou épocas mais úmidas, escolha as chamadas plantas caducas, que perdem as folhas no outono, deixando que o sol de inverno ajude a aquecer os ambientes. Já os jardins verticais ou os chamados telhados verdes, como já citamos, podem ser implantados tanto em estruturas totalmente planas ou levemente inclinadas. Além da beleza e frescor, esses tipos de soluções geram outros benefícios diretos, como a otimização do desempenho acústico ( menos barulho externo), melhor aproveitamento do espaço, tornando-se parte do projeto paisagístico da obra e bem estar, ajudando, inclusive, a purificar o ar em locais onde os gases da poluição são muito presentes. Sua saúde agradece.
Joyce Diehl, arquiteta, para a Construtora Embraconi