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NOTÍCIAS

06/05/21

A importância da boa relação da obra com o terreno - e com a vizinhança

A pergunta do mês é: que relação deve ter a sua obra - a sua casa -  e o terreno? Se você está pensando em construir e não pensou nisso, precisa ler essa matéria.

Já falamos aqui da análise do terreno e do levantamento topográfico antes de qualquer projeto –e, se possível, antes da compra. Hoje vamos falar da relação da ocupação da casa sobre ele, o terreno. Bem além do projeto ser funcional em relação ao que o cliente almeja, ou a ocupação da construção sobre o terreno seguir as tais leis – Lei de Ocupação, Uso do solo e Zoneamento Municipal - o planejamento da obra tem que ser pensado no ponto de partida. Já no anteprojeto – primeiro estudo que se faz para checar se expectativas do cliente estão contempladas antes de seguir para o projeto arquitetônico em si – ou até antes dele.

E explicamos. Os recuos – ou afastamentos laterais, frontal e de fundos – de uma obra em relação as extremas do terreno - são pensadas, calculadas e exigidas por cada município ( e, por vezes por um condomínio). Na prática, preveem a ventilação e insolação mínimas do espaço construído. E, com isso, a melhor ventilação e iluminação naturais sobre o mesmo, tornando a obra mais eficiente energeticamente falando, com menos dependência e menos gastos com ventilação e iluminação artificiais. Uma edificação dificilmente receberá luz e ventilação natural se não houverem recuos adequadamente projetados. Isso é um problema, pois dependendo do uso que a construção terá vai acabar afetando a qualidade de vida de quem habita aquele espaço. A facilitação da entrada desses recursos naturais acaba gerando uma construção mais saudável e econômica. Ou seja: faça as escolhas certas e sua saúde e conta de energia agradecerão.

Também trazem harmonia para o bom convívio. Os recuos do lote também auxiliam na morfologia da cidade – e do condomínio – traçando os tamanhos das construções, relações com a rua, com o vizinho e altura final. Esses códigos vão determinar como os lotes e construções se comunicam entre si, se tem espaços verdes suficientes, se tem espaços de uso comum, entre outros. Ou seja: até onde vai a sua liberdade e a do outro. Imagine sua casa, térrea, vizinha a um edificio com 20 andares. 

Mas sua importância vai bem além disso. Uma planta baixa com área muito abrangente sobre a área do terreno, deixando apenas os afastamentos exigidos por lei, pode trazer transtornos na obra. Primeiro porque pode pedir interferências no terreno vizinho – uma relação que tem que começar certo, sempre. Depois, porque o aterro básico da obra pode interferir na finalização da mesma., por exemplo. Se for pouca coisa, carrinhos de mão podem resolver – mas atrasam a obra pela ineficácia. Mas se precisar do uso de maquinário – como as mini carregadeiras, conhecidas como bob cat - o espaço para esse trabalho deve ser pensado ainda no lançamento da proposta. Não vai fazer muita diferença na estética e funcionalidade de uma obra mas, com certeza, vai facilitar o término da mesma de forma correta e sem desgastes desnecessários. Talvez não se dê a devida importância a isso no lançamento de um projeto, mas vai fazer toda a diferença na hora de transformá-lo em obra construída. E na construção de uma boa vizinhança.  Pense nisso.

Joyce Diehl, arquiteta com especialização em Branding, para a Embraconi.